Os desafios da economia brasileira – por Daniel Coronel
A economia brasileira enfrenta uma das maiores crises da sua história e, como consequência disso, observa-se aumento do desemprego, inflação acima do teto da meta, aumento da inadimplência das famílias, aumento do risco-país e queda nos investimentos públicos e privados.
Há alguns meses, vários jornalistas, economistas e juristas advogavam que a saída para a reversão deste quadro passava necessariamente pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff, embora não existisse nenhuma acusação ou ato ilícito que desabonasse o seu governo. Havia apenas bravatas de vários setores do país que, não conformados com os resultados eleitorais, começaram a usar de subterfúgios para um processo de impeachment, que iria abrir graves precedentes na frágil e jovem democracia brasileira.
Não obstante a isso, a presidenta foi afastada, e o que se viu até o momento foi um governo sem rumo, haja vista várias de suas ações, tais como a incorporação do Ministério da Cultura ao da Educação, o que depois o governo voltou atrás; a não presença de mulheres e negros no seu governo; a perspectiva de aumento de impostos; a proposta da reforma da Previdência, a qual irá onerar os setores menos favorecidos e a redução de importantes programas e ações voltadas à Educação, sem contar que, em vez de ouvir os reitores, acadêmicos e intelectuais, o atual ministro da Educação buscou ouvir pessoas que não têm uma relação, por mais pífia que seja, com nenhuma práxis educacional, deixando de lado o legados de pensadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro.
Embora tais medidas deixem vários setores da sociedade apreensivos, isto já era esperado, visto que sete ministros do atual Governo são citados na Lava-Jato e um deles bateu seu próprio recorde ao ficar menos de quinze dias no governo. Além disso, o atual governo não tem legitimidade para fazer as reformas necessárias para o país crescer.
Enfim, a solução para o crescimento econômico passa necessariamente pelo respeito à legalidade e à Constituição e por uma estratégia de desenvolvimento econômico e social com equidade social, melhor distribuição de renda, com controle da inflação, com a queda das taxas de juros, com o imposto às grandes fortunas, com reforma tributária, com investimentos em educação e tecnologia, com um projeto estratégico visando à reindustrialização do país e com uma reforma gerencial do Estado brasileiro, visando romper com o patrimonialismo e com os vícios públicos e os benefícios privados.
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