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Uma carreira promissora, mas próxima do fim – por Anderson Santos e Dijair Brilhantes

Coluna Além das 4 linhas –  edição da semana de 10 de novembro de 2012 – por Anderson Santos (editor) & Dijair Brilhantes

 

Chegou ao final a terceira passagem (esse termo nunca foi tão bem empregado) de Adriano pelo Flamengo. Dias após ser flagrado em uma boate carioca e não manifestar nenhuma vontade de voltar aos campos em 2012, o jogador foi oficialmente dispensado pelo clube rubro-negro, situação que sacramenta ainda mais a decadência de quem já foi chamado “Imperador”.

Após mais uma demonstração de falta de compromisso com o clube e a profissão, Adriano rescindiu contrato com o rubro negro carioca e não vai deixar nenhuma saudade nos torcedores e dirigentes. O (ex) jogador parece mesmo ter abandonado o futebol profissional. O atacante promete retornar em forma em 2013, mas quem irá dar uma nova chance, ao “profissional” que não cumpre com as obrigações básicas de qualquer profissão? – é, tem o próprio Flamengo…

Talento inegável

Que Adriano tem um talento invejável não se discute. Após surgir muito jovem no Flamengo, em 2001, foi vendido a Internazionale de Milão praticamente sem ser visto vestindo rubronegro, naquela fase em que se ganhava Estadual sempre estava ameaçado de ser rebaixado no Brasileiro.

Logo na estreia pelos interistas marcou gol contra o Real Madrid, no Santiago Bernabeu. Sem conseguir se firmar na Inter, principalmente por ser muito novo, Adriano foi emprestado para a Fiorentina e Parma.

Com mais experiência no futebol italiano, com um porte físico mais avantajado, Adriano voltou a Inter de Milão em 2004 e dessa vez sim, com relevante sucesso, conseguiu marcar 15 gols em 17 partidas. Após esse feito Adriano passou a ser conhecido como “L’Imperator” (o imperador).

As convocações para a Seleção brasileira apareceram conjuntamente, com Adriano sendo um dos destaques reais vestindo a amarelinha pós-Copa do Mundo de 2002. Com Ele foi o autor do gol de empate na final da Copa América de 2004, contra a Argentina, nos últimos minutos de jogo – nos pênaltis, o Brasil venceria. Além de ter ajudado a dar a expectativa de um “dream team” futebolístico junto a Robinho, Kaká e Ronaldinho Gaúcho na Copa das Confederações do ano seguinte.

Declínio

Em 2006, após a morte de seu pai, a carreira de Adriano passou a entrar em declínio. Com poucos gols na Inter e o fracasso brasileiro na Copa do Mundo, o imperador passou a ser duramente criticado (perseguido, na visão dele) pela imprensa de diferentes partes do mundo, principalmente a brasileira e a italiana.

Em 2008, barrado pelo técnico da Inter, Roberto Mancini, Adriano retornou ao Brasil, para atuar pelo São Paulo no primeiro semestre, onde reencontrou o bom futebol. Com problemas de conduta fora de campo, ele foi parar justamente num time comandado pelo disciplinador Muricy Ramalho e com histórico recente de exigências de responsabilidade em seus jogadores. Após ter dito que era “mais um” no elenco, no primeiro entrevero anunciado na imprensa ele pediu respeito ao “imperador”. Eliminado da Copa Libertadores, o atacante retornou a Itália, novamente para a Internazionale.

Ainda com um técnico tão carrancudo quanto, ele teve várias chances de José Mourinho, disparado um dos principais técnicos europeus do novo século. Ainda assim não soube aproveitar as chances ofertadas.

Em 2009, Adriano abandonou a Internazionale e retornou ao Brasil sem autorização. Após ficar desaparecido por alguns dias, quando houve especulação até de sua morte, Adriano apareceu dizendo que estava descansando na casa de familiares na Vila Cruzeiro e que pretendia dar um tempo no futebol, pois havia perdido a alegria de jogar.

Ressurreição?

Pouco tempo depois de romper o contrato com o clube italiano, Adriano reapareceu para a disputa do Campeonato Brasileiro de Futebol. Em vez de usar a 9, de centroavante, escolhida pelos torcedores rubro-negros, optou pela 10 do ídolo Zico.

E até que parecia que esta volta ao clube de origem o fazia bem, que ele teria reencontrado o seu melhor futebol – paralelamente ao sérvio Petkovic. Campeão e artilheiro do Campeonato Brasileiro com 19 gols, voltou a ser chamado de Imperador. Permaneceu na Gávea até maio de 2010. Em junho do mesmo ano, o imperador voltou à Itália, desta vez para atuar pela Roma, retornando ao país que “abandonara” no ano anterior.

Em março de 2011, a Roma rescindiu o contrato de 3 temporadas com o Imperador, devido ao baixo rendimento e à falta de comprometimento. O “artilheiro” não fez nenhum gol em jogos oficiais pela equipe.

No mesmo mês, Adriano acertou-se com o Corinthians, contratado com a difícil missão, dentro e fora de campo, para substituir Ronaldo. Porém, Adriano rompeu o tendão de Aquiles em um treinamento, com a recuperação demorou cerca de 6 meses. Em outubro, finalmente a estreia pelo “timão”, em jogo conta o Atlético-GO. Pouco mais de um mês disso, Adriano marcou seu primeiro gol com a camisa corintiana, contra o Atlético-MG, gol que para muitos foi o do título do Brasileirão 2011 – em meio a uma boa disputa com o Vasco.

Em março deste ano, o Corinthians optou por dispensar Adriano do clube após uma série de “desencontros” e comentários públicos do ex-presidente corintiano Andrés Sanchez que havia sido uma erro a contratação do atacante. A direção e a comissão técnica alegaram na aguentar mais a falta de profissionalismo e as confusões do jogador fora de campo. Adriano perdeu a oportunidade de conquistar a Libertadores.

“Volta” ao Flamengo

Adriano retornou ao Flamengo para recuperar-se da lesão que havia adquirido no Corinthians. Após negociação, fechou um novo contrato na Gávea. Pelo rubro-negro, Adriano, não chegou a atuar nessa sua última passagem, mas conseguiu envolver-se em diversas confusões. No último dia 6, o diretor de futebol flamenguista Zinho comunicou que o Flamengo iria rescindir o contrato com o “imperador” devido as faltas aos treinamentos.

Adriano faltou por três dias aos treinamentos, após uma falta anterior em que o próprio teria dito que só não o havia demitido por pena do que ele estaria a fazer de sua vida. Desta vez, um vídeo na internet em que ele aparece num show acabou com qualquer dúvida sobre a responsabilidade do jogador com a carreira.

Muitas confusões

Adriano envolveu-se em diversas confusões nos últimos anos. Foi acusado de agredir sua ex-noiva em um festa – a mesma que ganharia um reality show anos depois –, foi fotografado ao lado de traficantes em um favela no Rio de Janeiro, foi visto várias vezes supostamente bêbado na noite carioca.

Além de um problemático caso policial, em que uma jovem a quem dava carona foi baleada em seu carro. Podíamos (embora não quiséssemos) escrever muitas linhas falando de Adriano fora de campo, mas gostaríamos muito que ele resolvesse seus problemas, buscasse o tratamento necessário, e voltasse a ser o imperador dentro das quatro linhas.

Adriano Leite Ribeiro tem 30 anos e sempre faz parecer ter mais controle sobre o que fazer e quando fazer na sua vida. Infelizmente, virou um caso para psicólogos e não para treinadores de futebol.

(Para quem quiser nos ajudar criticando e/ou sugerindo novas propostas e assuntos, entre em contato através dos e-mails [email protected] e [email protected])

Anderson Santos é jornalista e mestrando em comunicação social na Unisinos ([email protected]) e Dijair Brilhantes ([email protected]) é estudante de jornalismo

Twitter da coluna: @alem_das4linhas

 

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