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Kassab ganhou disputa de Bolsonaro pelo coração e a mente de Tarcísio de Freitas? – por Carlos Wagner

Seja o que venha na corrida eleitoral de 2026, começa a se desenhar agora

Aprovação da reforma tributária, concluída na madrugada desta sexta-feira, significa uma nova era na Câmara? (Foto EBC)

Tem o dedo de Gilberto Kassab, 62 anos, o comportamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apoiando e trabalhando pela aprovação (em dois turnos) da reforma tributária pela Câmara dos Deputados na madrugada desta sexta-feira (07/07). Tarcísio atuou contra a orientação do seu mentor político, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Como essa desobediência irá contribuir para o futuro da carreira política do governador paulista o tempo responderá. Por hora, o que temos de concreto para conversar é que Kassab está ganhando por um a zero de Bolsonaro a disputa pelo coração e a mente de Tarcísio. O que essa vitória significa? É sobre isso que vamos refletir para facilitar a vida dos jovens repórteres que estão na correria da cobertura diária dos noticiários e dos leitores de um modo geral.

Primeiro, vamos seguir o manual do bom jornalismo e contextualizar a nossa conversa. Nos tempos das máquinas de escrever nas redações diríamos que vamos mostrar o pano de fundo onde as coisas estão acontecendo. Trata-se de dois planos diferentes para a carreira política do governador de São Paulo, que é a estrela máxima na enxurrada de governadores e parlamentares (deputados federais e senadores) eleitos e reeleitos graças ao prestígio político do ex-presidente da República.

Kassab é economista, engenheiro, ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro (duas vezes), dirigente do Partido Social Democrático (PSD) e atualmente secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo. Ele tem boas relações com todos os políticos, incluindo o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O plano dele para a carreira política de Tarcísio de Freitas é meticuloso. Prega que o governador deve concorrer à reeleição no cargo para consolidar a sua imagem de governante e, com isso, se tornar viável para disputar a Presidência da República. É um plano prudente. Mas tem lá a sua lógica, porque uma coisa é disputar uma eleição polarizada, como foi a de Bolsonaro e Lula. Outra coisa é uma eleição que tenha um candidato de centro com possibilidades de se eleger, o que todos os analistas políticos e comentaristas da imprensa acreditam que irá acontecer em 2026. Kassab é um articulador político que age nos bastidores.

O plano de Bolsonaro para a carreira política do governador é simples. Ele deve se firmar no cenário nacional seguindo a trilha deixada por ele, Bolsonaro, que o levou à Presidência da República em 2018. O estilo de fazer política do ex-presidente é se tornar conhecido comprando briga com todo mundo. Defendendo teses negacionistas e pregando o golpe de estado sempre que surge uma oportunidade.

Bolsonaro foi parlamentar durante quase três décadas e o seu grande orgulho era virar manchete dos jornais falando coisas absurdas, como o apoio aos torturadores dos presos políticos durante o golpe militar de 1964. Esse comportamento é um dos motivos pelos quais o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o tornou inelegível pelos próximos oito anos. Além disso, existem contra ele mais de 300 processos, inquéritos policiais e outras encrencas com Justiça.

A imagem que mais machucou o ex-presidente foi ver ombro a ombro, lutando pela votação da reforma tributária, Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Os dois disputaram o governo de São Paulo em 2022. O ministro foi extremamente hábil na condução das negociações sobre a votação da reforma, que é uma emenda à Constituição (PEC) que repousa nas gavetas do Legislativo há três décadas.

Toda a caminhada da reforma na Câmara aconteceu graças ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP/ AL), que conseguiu transformar a votação em um projeto de Estado, o que significa longe da disputa partidária. O próximo destino da PEC é o Senado. Uma lembrança importante. Lira foi um importante aliado político do ex-presidente durante o seu mandato – há matérias na internet sobre o assunto. Nos dias atuais, ele e outros ex-aliados de Bolsonaro estão fazendo novas alianças políticas e tocando em frente as suas carreiras.

É assim o jogo político. Por falar em jogo, lembro os colegas que faz parte da tradição da imprensa especular sobre quem serão os próximos eleitos já no dia seguinte à posse dos atuais ocupantes dos cargos no Legislativo e principalmente no Executivo. Mesmo nos tempos da ditadura militar (1964 a 1985) havia essa especulação. Hoje, ela foi turbinada pelas redes sociais, onde operam fábricas de fake news poderosas e eficientes.

Para arrematar a nossa conversa. Seja lá o que venha por aí na corrida pelos cargos nas próximas eleições gerais, o que vai acontecer está começando a se desenhar nos dias atuais. Como mostrou a aprovação da reforma tributária, em dois turnos, pela Câmara, começa a se cristalizar entre os deputados federais o sentido de que podem mudar uma realidade.

Claro, eles ainda votam em projetos de interesse do governo em troca de emendas parlamentares, empregos na máquina pública e outros benefícios. Mas a aprovação da reforma é uma amostra de que algum sentimento novo está brotando no Legislativo. O que é exatamente esse sentimento nós vamos saber com o tempo.

Em quatro décadas como repórter investigativo costumo dizer que já vi coisas que até Deus duvida que exista. Portanto, o que vier por aí pode ser uma surpresa. Vamos esperar para ver. Como dizia um velho editor da editoria de polícia sempre que dava uma pauta para um repórter: “Tudo pode acontecer, até tu fazeres uma boa matéria”.

PARA LER NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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8 Comentários

  1. Artur Lira é de Alagoas. Relator da reforma é da Paraíba. Existe um soviet federativo para fazer a ‘gestão’ de certos tributos. Qual a chance do Nordeste ser maioria no soviet? E se isto acontecer para onde irão (não muito diferente de hoje) o grosso dos recursos?

  2. ‘[…] ver ombro a ombro, lutando pela votação da reforma tributária, Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad, ministro da Fazenda’. Obvio que não foi ‘ombro a ombro’. Um distribuia bilhões em emendas, outro não.

  3. Bolsonaro deu um passo em direção a irrelevancia aparentemente. Sem muitos problemas, daqui duas semanas ninguém vai lembrar (não vai estar interessado também) do que aconteceu nesta.

  4. ‘Kassab é um articulador político que age nos bastidores.’ E Lira afirmou publicamente que Tarcisio ‘é um amigo a ser preservado’. O establishmente gosta de Tarcisio. É técnico, mas também é bem mais ponderado politicamente.

  5. Kassab é engenheiro civil pela Poli/USP. Tarcisio é engenheiro de fortificação e construção pelo Instituto Militar de Engenharia (que compete com o Instituto Tecnologico da Aeronautica pela posição de melhor faculdade de engenharias do pais; em tempo, ambas não estão no sistema civil, logo os ‘rankings’ não contam).

  6. ‘Tem o dedo de Gilberto Kassab, 62 anos, o comportamento do governador de São Paulo […]’. Fica parecendo que o governador de SP é um retardado que não pode raciocinar sozinho ou formar opinião propria. Kassab é secretario em SP. É razoavel pensar que se comunica diuturnamente com Tarcisio. Este ultimo vai a BSB e visivelmente ‘muda de opinião’. Logo algo não esta sendo dito. Aparentemente viu que a aprovação era inevitavel e embarcou no bonde para ‘lutar outro dia’. Cavalão abraçou parte do eleitorado dele que era contra ‘porque sim’. Alas, ‘proposta não foi debatida o suficiente’ é argumento que a esquerda gosta de usar. Exceção Ricardo ‘passar boiada’ Salles que desejava ser candidato a prefeitura de SP e não levou.

  7. Primeiro, de BSB só se fica sabendo 1%. Muito facil manipular a opinião, ‘edita-se’ os fatos e os vazios são preenchidos com opinião.

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