Artigos

Férias, felicidade e outras coisas mais – por Pylla Kroth

No meu primário escolar quando a “volta às aulas” era chegada, já no primeiro dia a professora como de praxe fazia sua apresentação e explanava os objetivos do ano letivo. Em seguida, pedia para abrirmos o caderno e escrever uma redação com o tema “como foram minhas férias”.

Pois é, meus amigos, gostaria de saber dos meus bons amigos como foram suas férias, como fazia minha professora, ouvir ou ler suas histórias, mas do jeito que a coisa anda talvez seja melhor nem saber, não sei. Baseado nas minhas, não teria muitas histórias felizes pra contar, se bem que histórias infelizes são todas iguais. Já as histórias felizes cada uma a sua maneira.

Quando menino, morava perto, quase dentro de um mato e ali vivia meus sonhos, aquele mato era meu, ali era meu descanso e ali encontrava uma medida de felicidade nas pequenas coisas que povoavam aquele espaço. Tinha pé de pitangueira, gabirova, cerejas, sete capotes, uma sanga de água corrente, uma fonte, aahh aquela fonte!

Os anos passam, ficamos mais complexos, procuramos contentamento em coisas mais complexas também, com as quais nem sempre sabemos lidar muito bem quando não dão certo conforme nossas expectativas. Dizem que nos tornamos maduros e pensei que junto com a maturidade viria uma vida melhor, mas pelo jeito, apenas não me preocupo mais com as opiniões negativas dos outros e isso, por si só, acho um progresso maduro nessa minha existência, o restante é lucro.

Pensando bem, sou eu quem escolho minha comida, minha roupa, meu cabelo, minha barba, escada ou elevador, o filme no Netflix, o jogo na TV, e também escolho se quero guardar mágoas, perdoar, amar, ser feliz. Até a morte podemos escolher, seja numa tacada ou em doses homeopáticas diárias, mas existem coisas sobre as quais não temos o poder de escolha e a primeira é parar o tempo, parar de envelhecer, a outra, amadurecer. Todos nossos órgãos têm prazo de validade, podemos apenas dar umas recauchutadas, seja seu dono quem for, pobre ou rico, se passou suas férias no Passo do Verde ou em Cancun.

E quanto ao amadurecimento, percebo que tem muito adulto que emocionalmente e em atitudes, ainda permanece nos 15 anos, aquela complicada idade mental de transição em que já nos achamos adultos, mas ainda temos muito de criança que sabe muito pouco sobre maturidade.

Lamento, pois esses irão sofrer muito. Aliás, eu afirmo, pois terão que contar com a sorte de conseguir absorver a experiência com a dor. O padecimento e a dor são uma escola. Digo isso de carteirinha. Portanto, amadurecer não é uma questão de escolha, senão o resultado de um processo de aproveitamento da dor. Não quero aqui tentar mudar ninguém. Aceito as pessoas como elas são. Pensar diferente seria hipocrisia da minha parte.

No âmbito maior, já fiz no ano passado e confesso não ter alcançado meus objetivos. Mas quero ainda que todos vocês que me acompanham por aqui, sem muita dor, alcancem seus objetivos maiores do que nossos simples desejos e ambições materiais. Do que precisamos? Do que queremos? De paz e maturidade para sermos mais felizes conosco mesmos.

Cheguei à conclusão que a felicidade não está nas férias, na praia, no mar, serra, ou no campo. A felicidade está aqui ao nosso lado, acreditem! E não é pra vida inteira! Vamos tentar ser a flor, mesmo tendo tudo pra ser espinho. Vamos aprender com a dor, porque este ano vai ser dolorido, como a maior parte do tempo a vida acaba sendo, que viver e carregar o assustador fardo da existência nunca foi tarefa fácil para ninguém.

Caímos, mas levantamos. Essa é a idéia. Essa é minha proposta. E como diz o finado vivo poeta Belchior: “Assim não podemos sofrer como no ano passado. Temos sangrado demais, temos chorado pra cachorro, ano passado morremos, mas esse ano não!” Que assim seja!

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução de internet.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo