Claudemir Pereira

CRÔNICA. “Não há ganhos para o trabalhador nesta reforma”, diz Orlando Fonseca sobre a Previdência

“Todo mundo consegue trabalhar hoje até 80 anos”. A frase não é de um parlamentar qualquer, mas do presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia. Para quem sempre exerceu trabalho político, é até possível elaborar tal afirmação. Mas isso não pode ser uma regra geral, em um país no qual a expectativa de vida da população alcança 72 anos para homens e 79 para mulheres. Semana passada, acompanhamos com atenção a mobilização em torno da atriz Fernanda Montenegro, 89 anos. Acometida por uma desidratação, foi levada às pressas para o Rio de Janeiro. Gravando cenas para a próxima novela da Globo em Jaguari, poderia ter seu caso agravado se não fosse a capacidade logística, envolvendo mesmo um jato particular. Exceção em todos os aspectos: saúde para estar trabalhando em uma empresa que é capaz de assegurar as melhores condições para seus contratados.

Para defender a reforma da Previdência, têm sido usadas muitas falácias, como aquela produzida por um dos agentes encarregados de encaminhar o processo no Congresso Nacional. No quesito idade, bastaria pensar em categorias como as dos operários em construções de prédios, em asfaltamentos de estradas; dos que têm de realizar ações repetitivas ou operações delicadas, que exigem reflexo e atenção. Além do mais, a média da expectativa de vida dos brasileiros inclui os grupos que podem ter uma boa alimentação, condições de moradia, acesso aos bens culturais e planos de saúde.

A bem da verdade, basta olhar com um pouco mais de atenção para perceber que não há ganhos para o trabalhador nesta reforma proposta. Assim como o tão propalado rombo da Previdência, que uma CPI no próprio Congresso já derrubou como argumento. Isso é fácil de perceber porque o projeto do governo, e do poder econômico que o mantém, visa a privatização do sistema, para satisfazer o interesse financeiro atual.

 

CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “Previdência”, de Orlando Fonseca. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.

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7 Comentários

  1. Falácia? Pagar aposentadorias impossíveis como se o dinheiro surgisse do nada. Objetivo da reforma da previdência é ‘apontar’ para uma diminuição do déficit público no futuro (só a previdência não chega).
    Aposentadoria justa é aos 52 anos com 30 mil de salário. Óbvio que não existe dinheiro para proporcionar o benefício para todos. Logo o que se busca é a aposentadoria possível e viável.
    Não é alarmismo, mas a economia entrará em colapso. Kuakuakuakua
    Inteligência artificial e robotização já tem efeitos, mas tem muito mais coisa para dar errado antes.
    Reforma trabalhista. Ou se tem alguém com carteira assinada com inúmeros direitos ou alguém na informalidade. Ou seja, os ‘direitos trabalhistas’ já não cabem na economia global.
    O resumo da ópera é simples: existe um abismo entre o desejável (o ideal) e o possível.

  2. Chile tem PIB per capita (paridade do poder de compra) de 27 mil dólares. Brasil 17 mil dólares. Indice de desigualdade (quanto maior pior), Chile 47,7; Brasil 51,3. Para comparação, o dos EUA é 39.

  3. Indice de desenvolvimento humano do Chile em 2018 (referente a 2017) foi de 0.843, melhor da América do Sul, quase igual ao de Portugal. Brasil 0.759, quinto lugar. Não acreditaria no que dizem do outro país, principalmente das fontes que aparecem. Além disto o contexto econômico é completamente diferente.

  4. CPI da previdência no Congresso foi tocada por Paulo Paim. Desperdício de dinheiro público para fazer propaganda furada.
    Privatização do sistema é bobagem de quem não sabe como funcionam fundos de pensão. Estes precisam de projetos/investimentos que deem retorno seguro e considerável para serem viáveis. Não a toa alguns fundos de empresas públicas deram com os burros n’água recentemente (sim, problema foram os burros).
    Problema dos coletes amarelos foi descontentamento geral, aumento no preço dos combustíveis, diminuição no limite de velocidade de 90 para 80 km/h, etc. Tem um ‘aquecimento global’ no meio da história, mas pode ficar com o ‘neoliberal’, poupa fosfato.

  5. Detalhe importante. Como funciona hoje numa determinada situação. ‘A aposentadoria por invalidez é um benefício devido ao trabalhador permanentemente incapaz de exercer qualquer atividade laborativa e que também não possa ser reabilitado em outra profissão, de acordo com a avaliação da perícia médica do INSS’. Quem não entender o texto (e as consequências) que procure um(a) bom(a) advogado (a).

  6. Tecnicalidade. Expectativa de vida AO NASCER de um homem NA REGIÃO SUL é de aproximadamente 72 anos (não é grito, não existe negrito e nem itálico nos comentários). Porém se o sujeito chegar aos 60 a expetativa pula lá para 80 anos.

  7. Conseguir trabalhar é uma coisa, idade de aposentadoria é outra. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa e vice-versa. Para alguns parece complexo. Mas não é. Senão vejamos. Uma criatura de vinte e poucos anos passa num concurso para procurador da república e/ou da fazenda por exemplo. Com cinquenta e poucos anos, após lustrar muita borda de mesa com a barriga, está aposentada com salário integral (as últimas modificações vão levar uns 30 anos para fazerem efeito). Se quiser pode ir para a advocacia e ganhar mais dinheiro ainda. Um trabalhador na construção civil (que já não é serviço tão braçal como costumava ser, ao menos nas médias e grandes empresas) vai ganhar bem menos, vai se aposentar beirando os 70, vai ganhar pouco e vai ter que continuar trabalhando (se conseguir) porque o dinheiro não chega.

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