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Nem Heroico, Nem Retumbante – por Pylla Kroth

Amanhã, 7 de setembro, é o dia que se comemora a Independência do Brasil. Vimos fazendo isso todos os anos há 194 anos já, e não necessariamente por que foi neste dia específico o Brasil “se viu livre” do status de colônia do Reino de Portugal, de um segundo para o outro, devido a um grito que teria sido dado às margens do Ipiranga. Afinal de contas o processo de independência foi um longo caminho, trilhado até mesmo com certa relutância, em especial pelo príncipe regente, que viria após o famoso “grito do Ipiranga” tornar-se o monarca do Império Independe Brasil, e sabe-se que a independência só foi oficializada a 22 de setembro de 1822.

Assim, quase tudo a respeito do 7 de setembro é essencialmente simbólico. O “grito do Ipiranga”, exaltado de maneira impar nos livros de história do Brasil, enobrecido pelos relatos do garboso discurso de Dom Pedro I que teria sido proferido à margem do famoso riacho, fato citado até mesmo na primeira estrofe do nosso Hino Nacional, não realmente ocorreu da forma gloriosa e repleta de pompa como foi pintada magistralmente à óleo sobre tela por Pedro Américo em 1888 (66 anos depois!), a qual se popularizou como ilustração do ocorrido e se vê reproduzida em toda parte, desde os mais antigos livros de história do Brasil até a página da Wikipédia. Não… pelo contrário… até mesmo ouvi falar de más línguas que Dom Pedro estaria montado num burro, um animal de carga, vestindo roupas simples de viagem, cercado de fazendeiros e com diarreia na ocasião. Se é verdade, isso eu já não sei! Mas com certeza não foi um ocorrido assim tão glamoroso. E nem mesmo o próprio “Independência ou morte!”, este famoso “brado heroico e retumbante” não é nada original, não! Pois especula-se que teria sido tomado emprestado por Dom Pedro a partir de um grito de batalha proferido pelos gregos durante combates com otomanos onde os guerreiros gregos bradavam “liberdade ou morte”. Mas, bem, ao menos Dom Pedro não foi o único a plagiar os gregos, afinal os príncipes valaquianos Viteazul adotaram esta mesma frase, “Viaţă-n libertate ori moarte!“, em seu discurso ao proclamarem a libertação da Romênia do estado de colônia da Hungria alguns anos depois em 1876.

Hoje em dia é de domínio público todas estas informações à respeito de nosso passado histórico e da grande farsa que foi, num sentido mais profundo, a própria Independência do Brasil de Portugal, uma vez que este continuou sendo governado por um príncipe português feito imperador brasileiro e com uma economia sob forte controle estrangeiro, em especial das companhias inglesas. Mas mesmo assim, permanece extremamente arraigado o simbolismo da data 7 de setembro. É considerado o Dia da Pátria, um dia dedicado a toda sorte de comemorações cívicas de demonstrações de orgulho e patriotismo. É popularmente o “dia do desfile”, em que todos os anos a nação coloca nas ruas, a passar pomposamente pela avenida, tudo o que representar o poder e o orgulho da nação, sendo o desfile militar um dos maiores e mais aclamados destes símbolos.

Quando menino me enganaram direitinho me colocando marchar na avenida neste dia e cantando bem alto “este é um país que vai pra frente, um povo amigo de grande valor, um pais que canta, trabalha e se agiganta , bla bla bla!”

Mas agora cresci e não quero mais ser enganado, sou adulto e consciente.

Que liberdade e independência são estas que comemoramos se neste instante em que atravessa o país estamos bem conscientes de que não temos mais perspectivas do amanhã? Comemorar o que? Todos nós estamos sofrendo com a falta de saúde pública e educação que neste feriado cairão no apagão pelas mídias. Independência? Sim todos a queremos, mas precisamos mesmo é nos libertar dessa dependência em que insistem em nos manter talvez desde lá, desde 1822, e só piorou nos últimos 194 anos. Talvez é desde lá que está pendente a impunidade dos políticos que agora tem a conivência da justiça. O estado e o país estão morrendo, estão na UTI. Ou damos agora nosso grito, ou estaremos mortos.

Não, meus amigos, não é um dia de festa, é de uma hipocrisia bárbara colocar desfilar alunos inocentes de escolas em que os professores nem sequer recebem seus salários em dia! A miséria nos permeia. A corrupção é tão grande que estamos ficando fracos como se doentes de alguma peste. Vejo o Presidente safado em viagem tratando de assuntos de países emergentes. Que piada! O que quero neste 7 de setembro é independência da crise, em que temos que matar um leão por dia, independência para a saúde pública, educação de qualidade com professores recebendo em dia seu minguado salário e que ele não seja mais minguado, porém digno. Quero que os políticos se libertem parando de se vender e receber propina e quero a honestidade dos empresários pra que não paguem propina, quero que o meio ambiente seja protegido com respeito, quero ele por inteiro e não pela metade, quero segurança, quero que jornais televisões e a mídia num geral não se vendam a projetos podres e falsos. A pátria somos nós e não eles, usurpadores da pátria! Lutaremos até a morte. Independência, já!

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