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Perfil falso – por Orlando Fonseca

Nem tudo são maravilhas neste espantoso reino da internet. O site WikiLeaks revelou que a Agência Central de Inteligência dos EUA teria desenvolvido um vírus capaz de infectar telefones celulares, televisores inteligentes e computadores para roubar dados dos usuários. Com certeza, uma agência de Inteligência da maior potência do planeta não está fazendo isso para afanar o seu dinheiro da poupança, ou para fazer chantagens com seus nudes nas redes sociais. Há dois anos, ficamos sabendo que uma tal de NSA agia do mesmo modo para alimentar as estratégias antiterror dos americanos. Paranoia, ou não, se antes você ficou preocupado que o Obama sabia de tudo a seu respeito, imagina agora o que o Trump será capaz de fazer com seus dados!

Coincidência ou não, semana passada, o algoritmo do Zuckerberg no Facebook aprontou uma comigo, o que tem me dado muito a pensar. Simplesmente me apresentou entre as pessoas que eu “talvez conheça”. Sim, a mim mesmo. E o mais engraçado – ou preocupante – é que eu e este Orlando Fonseca virtual temos 3 amigos em comum: seria quem, além do ID e do EGO? Terei uma outra personalidade que anda à solta pelas redes sociais? Meus amigos sugeriram na minha timeline que talvez seja o meu SUPEREGO. Não, com certeza, este até o Face sabe que nos conhecemos muito bem.

E o desaforo de me tratar assim, insinuando que eu “talvez” conheça, ou seja, “talvez” eu me conheça. Isso quase pôs por terra todo o esforço que tenho feito ao longo da minha vida em busca do “autoconhecimento”. Ao que parece, o algoritmo do Face quer relativizar minha fé no aforisma grego, usado por Sócrates: “conhece-te a ti mesmo”. Numa lista de preceitos éticos mínimos, eu o tenho entre os primeiros, e com ele tenho sobrevivido até agora diante da alternativa de uma análise psicanalítica. Desde que assumi a condição de escritor, tenho cultivado a ideia de que, para poder dar às minhas personagens a dimensão humana, preciso alimentá-las com a experiência do humano que mais conheço: eu mesmo. E agora vem o Face, na maior, pôr em suspeição o combustível do meu ofício, o autoconhecimento.

Antes da era cibernética, éramos apenas números nas estatísticas oficiais, nos números de identidade. Agora somos algoritmos, algo mais sofisticado, mas tão difícil de explicar como consciência e identidade humana. E, nesse estranho caso, pode até ser um perfil falso. Por via das dúvidas, resisti à tentação de navegar pelos dados do sujeito dublê da minha personalidade. Tenho receio, claro, de que em breve comece a espalhar inverdades a meu respeito. O que pode até ser salutar: se vocês lerem algo que desabone o meu caráter, por favor, levem em consideração que existe um tipo virtual muito suspeito se passando por mim. De minha parte, só vou me preocupar mesmo quando ele começar a compartilhar verdades a meu respeito.

DE FATOS E DIVERSÕES

– Cientistas peruanos em cooperação com um centro de pesquisa ligado à NASA anunciaram que é possível plantar batatas em Marte. Inquiridos sobre as motivações para tal experimento, eles foram enfáticos: testar a viabilidade de mandar certos políticos americanos ir plantar o tubérculo o mais longe possível.

– No teatro tragicômico que virou Brasília, as Cassandras contemporâneas vaticinam que, nesta segunda feira, o Janot deverá abrir a Caixa de Pandora (leia-se lista de delatados da Odebrecht). Para tanto, congressistas “precavidos” tratam de se imunizar com a potente vacina: Anistia ao Caixa 2.

– Surubô geral: segundo o ministro Gilmar Mendes, Caixa 2 do Aécio era opção das empresas, e Caixa 2 da Dilma é propina, é crime. Peraí, tenho que invocar o Romero Jucá: ou é suruba pra todo mundo ou não é pra ninguém. Organization!

– O ninho tucano, que vem perdendo suas candidaturas no ovo, está chocando uma novidade com o prefeito de São Paulo. Digamos, está Doriando a pílula para chegar em condições no ano que vem. Isso lembra o que a mídia já fez, collorindo aquele outro candidato em 1989.

– Dizem as más línguas que o Vosso Presidente, não contente em usar como símbolo do seu governo o dístico da Bandeira Nacional (Ordem e Progresso), depois do seu discurso no dia da Mulher está estudando mudanças na letra do Hino. Vazou o seguinte esboço:

“Terra adorada
Entre outras mil
Brasil tu és
a recatada!
Do lar tu és a bela mãe gentil
Pátria amada
Brasil!”

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